Era muito novo e via o crime como distração
Ver uma criança de fuzil pra mim, é falta de opção
Minha música chegou aonde o Estado não vem
Olhar pro Oruam e querer ter tudo que ele tem
Se deslumbrar com o carrão que eu postei no stories
Quer lançar uns trap só pra ver se vai virar
Ver meu pai ser preso que se deslumbrou com o crime
Ver minha mãe ser pai quando meu pai não tava lá
Diretamente do Rio de Janeiro
Onde o crime tá virando novela
Ver arma e droga pra nós, é normal
Troco tiro entre beco e viela
Zona do medo pra nós é conforto
Sorte é o caralho, foi tudo na raça
Nós chegou pra botar fogo na praça
Sem um palhaço, o circo não tem graça
Sorri pra mim, mas eu vejo a inveja
Disfarçada no seu rosto bonito
Já te avisei que essa era minha vida
Eita vida de cão que nós tem que sofrer
Enxugar nossas lágrimas que é pra invejoso não ver
Ganhar sem usar poder, claro que com ódio é mais fácil
Hoje nós tem o melhor tênis, mas nós já andou descalço
Que milha letra mata mais do que o fuzil, eles disseram
Bota roupa de polícia e sobe aqui cantando trap
A favela não toma, ela pede, então olha no brilho e reflete
No dia que o pobre acordar, essa história jamais se repete
Joga minha cara na mídia e que nós canta facção
Campos de concentração, brincam de polícia e ladrão
Me escolheu como vilão pra esse seu filme de mentira
Me deu o papel principal só pra me matar no final
Era muito novo e via o crime como distração
Ver uma criança de fuzil pra mim, é falta de opção
Minha música chegou aonde o Estado não vem
Olhar pro Oruam e querer ter tudo que ele tem
Se deslumbrar com o carrão que eu postei no stories
Quer lançar uns trap só pra ver se vai virar
Ver meu pai ser preso que se deslumbrou com o crime
Ver minha mãe ser pai quando meu pai não tava lá
“Diretamente do RJ”, de Oruam e MC Poze do Rodo, é um retrato cru e intenso da realidade das favelas do Rio de Janeiro, onde a violência, a ausência do Estado e a falta de oportunidades moldam o cotidiano de muitos jovens. A letra é uma denúncia forte, mas também um grito de resistência, mostrando como a arte, especialmente o trap, se tornou uma saída possível em meio ao caos.
A música fala abertamente sobre infância marcada pela exposição ao crime e pela carência de estrutura familiar. Enquanto o pai foi preso e a mãe assumiu as duas funções, o artista cresceu rodeado por armas, drogas e trocas de tiro, algo que se tornou “normal”. Ainda assim, ele deixa claro que isso não é escolha, mas consequência da falta de opção. A comparação entre o impacto da composição e o poder de um fuzil escancara a força da arte como ferramenta de transformação social, que chega onde o poder público não entra.
No refrão e nas rimas, há uma crítica direta à hipocrisia da mídia e da sociedade, que criminaliza quem canta a realidade, mas ignora quem a criou. A música é uma resposta a esse julgamento: se o artista foi colocado como vilão, é porque a história já veio escrita assim — e ele apenas está contando sua versão. Ao assumir esse papel com coragem, ele vira protagonista de uma narrativa de superação, mostrando que, mesmo vindo “diretamente do Rio de Janeiro”, onde tudo parece contra, ainda é possível resistir e vencer com autenticidade.
Informações sobre a música Diretamente do RJ
Artista: Oruam Participação especial: MC Poze do Rodo Álbum: Liberdade (Deluxe) Compositores: Danilo Tavares da Silva / Marlon Brendon Coelho Couto da Silva / Mauro Davi dos Santos Nepomuceno / Mauro Vitor de Barros Sodré / Victor Leite Rebelo Costa Gênero: Funk / Rap Data de lançamento: 2025 Vídeo oficial postado no YouTube em: 31 de julho de 2025
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