A marchinha de Lamartine Babo, composta nos anos 1930, é um exemplo típico do humor irreverente e ousado que caracteriza o Carnaval dessa época. Embora sua letra seja considerada polêmica nos dias de hoje, ela reflete a visão e os costumes de um período diferente, com um humor que, à época, visava chocar e divertir ao mesmo tempo.
A letra faz referência a uma mulher chamada Maria, que é chamada de “sapatão” — um termo que, em um contexto mais moderno, é utilizado como uma forma pejorativa para se referir a mulheres lésbicas. A marcha satiriza, com uma linguagem leve e descontraída, a ideia de que Maria não se comporta de acordo com os padrões de feminilidade convencionais da época. Embora a canção tenha sido criada com intenção humorística, ela carrega em si um estigma social e uma forma de marginalização.
Com o tempo, a música foi revisitada e discutida devido ao seu conteúdo, que hoje é considerado ofensivo para muitos. No entanto, ela ainda permanece parte do repertório de marchinhas carnavalescas históricas, sendo interpretada e reinterpretada de diferentes maneiras dependendo do contexto.
O Carnaval, por sua natureza de liberdade e subversão, sempre foi um espaço para a descontração e, muitas vezes, para a ironia. Mas também é importante refletir sobre como as marchinhas de antigamente, que muitas vezes incluíam estereótipos e críticas a comportamentos ou características consideradas “fora da norma”, devem ser vistas à luz dos avanços nas questões sociais, como a aceitação e o respeito às identidades de gênero e orientações sexuais.
Porém, como muitas das marchinhas de Carnaval, ela é uma peça do passado que nos ajuda a entender melhor o contexto social e cultural de sua época, mesmo que alguns dos valores nela expressos não se alinhem mais com a visão contemporânea de respeito e inclusão.
Este post faz parte de uma série dedicada a compartilhar as marchinhas de Carnaval mais famosas do passado, com o intuito de resgatar e celebrar a música popular brasileira. Embora esta marchinha reflita o humor e os valores de sua época, é importante destacar que, hoje, sua linguagem pode ser considerada ofensiva e discriminatória. Nosso objetivo é contextualizar a letra dentro do cenário histórico, reconhecendo a evolução dos direitos e a importância da inclusão social, sempre com respeito às diferentes identidades e orientações.
Informações sobre a música Maria Sapatão
Artista: Marchinhas de Carnaval Álbum: Playlist Compositores: João Roberto Kelly Gênero: Samba Enredo / Música Regional Brasileira / Músicas de Carnaval Data de lançamento: 1981 Vídeo postado no YouTube em: 01 de fevereiro de 2017
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